quarta-feira, 3 de maio de 2017

Sindicato fecha acordo de última hora e evita greve dos roteiristas em Hollywood

Produções temiam movimento semelhante ao que ocorreu na greve de 2007-2008

Foto: Séries por Elas 


Nicole Jaime

Na última segunda-feira (1), comemorou-se o Dia do Trabalho no Brasil, o que permitiu um feriado de descanso para o país. Enquanto isso, ironicamente - embora os Estados Unidos não festeje o primeiro de maio-, Hollywood concentrava seus esforços em uma grande negociação. O Sindicato dos Roteiristas (WGA) e a Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) entraram em consenso e renovaram o acordo sindical entre as duas partes para mais três anos. Assim, uma possível greve dos roteiristas, que poderia tomar Hollywood nessa terça-feira (2), foi oficialmente cancelada.

Em uma nota conjunta, as duas entidades anunciaram: "O Sindicato de Roteiristas e a Aliança de produtores de Cinema e Televisão concluíram e chegaram a um acordo temporário sobre os termos para um novo acordo coletivo de três anos."

Além de melhorias no plano de saúde e proteção do trabalho durante licença parental, o WGA ganhou um aumento de 15% nos ganhos residuais da TV paga, e também houve melhorias nos residuais dos vídeos sob demanda e, pela primeira vez, também para os roteiristas dos programas de comédia de variedade dos canais pagos.

Embora a classe não tenha ganhado todas as melhorias que haviam sido requisitadas, o comitê indica que o novo acordo vai render US$ 130 milhões a mais ao longo dos três anos do contrato. Além disso, a principal requisição eram melhores ganhos para temporadas reduzidas, e isso foi alcançado. Na carta, o WGA explica que o máximo a ser trabalhado por cada taxa recebida por episódio deverá ser de 2,4 semanas, e qualquer hora trabalhada além disso irá acarretar pagamento extra.

De acordo com um levantamento feito pela Entertainment Weekly, as principais afetadas pelo movimento caso fosse deflagrado seriam as temporadas seguintes de The Walking Dead (AMC), American Horror Story (FX), Star Trek: Discovery (CBS All Acess), The Mindy Project (Hulu), The Inhumans (ABC) e Jessica Jones (Netflix) — entre as mais assistidas. Caso a paralisação se estendesse, basicamente qualquer série ficcional entraria na linha das potenciais prejudicadas, mas por enquanto séries como Game of Thrones (HBO), Twin Peaks (Showtime), Orphan Black (BBC America) e Stranger Things (Netflix) não seriam afetadas neste início, porque as suas próximas temporadas já estão finalizadas. A greve não iria afetar apenas séries, mas também muitos programas de TV que provavelmente sairiam do ar como Saturday Night Live, Late Shows, Last Week Tonight e outros.



A história quase se repete


O ator Patrick Dempsey duarnte manifestações dos roteiristas de Hollywood, em 2007. Foto: Rolling Stone


A última paralisação dos roteiristas durou de 5 de novembro de 2007 a 12 de fevereiro de 2008, em um movimento que uniu profissionais do cinema e da TV, e até membros do Sindicato dos Atores (SAG) apoiando a luta. A greve ocorreu porque não houve consenso entre o WGA e a AMPTP, quando as partes se reuniram a fim de renovar o contrato que vence a cada três anos. Várias eram as reivindicações dos roteiristas, que não foram atendidas pelo órgão que representa os maiores estúdios de produção de Hollywood. As principais discordâncias estavam relacionadas ao repasse dos lucros no desenvolvimento do roteiro dos webisódios, além das contribuições nos reality shows, extras de DVDs e talk shows.

Em aproximadamente 100 dias de protesto, foi estimado um prejuízo de US$ 2,1 bilhões para a economia hollywoodiana até o fim de 2008, de acordo com relatório do Instituto Milken. Cerca de 37.700 empregos teriam sido afetados ao longo do movimento, e os resultados disso são perceptíveis até hoje.

Séries que estiveram no ar entre os anos de 2007 e 2008, como The Big Bang Theory, Desperate Housewives, Grey’s Anatomy, Lost, The Office, Prison Break, Os Simpsons, Smallville, Supernatural, foram prejudicadas em relação ao número e qualidade do texto dos episódios. Além disso, a cerimônia do Globo de Ouro não aconteceu, o Oscar chegou a ser ameaçado e houve uma explosão de reality shows na TV, como Survivor, The Amazing Race, The Apprentice, Big Brother, entre outros.